O início
"Foi no longínquo ano de 1942…"
Em 1942, Mário Moreira dos Santos (Mário Luso) e a sua irmã Maria Adelaide (Maria do Luso ou Menina Maria, como era carinhosamente conhecida por muitos) começaram por explorar um café que às 4ªs feiras (dia de feira semanal) servia refeições aos feirantes. Com o passar dos anos, de geração em geração, desenvolve-se o negócio vindo a tornar-se um ponto de paragem para viajantes de norte a sul do país.
Ficaram famosos, à época, os suculentos Bifes da Vazia, as Tripas à Moda do Porto, o Bacalhau à Gomes de Sá, bem como os Filetes dourados de Pescada Fresca que eram primorosamente preparados pela Menina Maria.
Os passos seguintes
"A organização
de casamentos, comunhões
e batizados…"
O Sr. Mário promoveu a organização de casamentos, comunhões e batizados, à época realizados no restaurante Monte Murado (Srª da Saúde) ou no edifício próprio junto ao S. Bartolomeu. A qualidade do seu serviço aumentou a visibilidade do restaurante. Personalidade de destaque era a Menina Maria, a responsável da cozinha, por si assegurada até 1991.
Do dinamismo do Sr. Mário, ficam também os bailes de fim de semana de Verão, ao ar livre, cuja primeira dança era, incontornavelmente, assegurada por ele e sua filha Maria Arménia (Meninha do Luso). Na memória de muitos pares, ficaram momentos de felicidade pelos namoricos e até casamentos que de lá resultaram.
A família reunida
"Mais tarde
em 1969…"
Mais tarde, em 1969, José Augusto Melo dos Santos, marido de D. Meninha, juntou-se à gestão do negócio e ficou associado à vasta garrafeira que foi construindo ao longo do tempo com vinhos de todo o país. Pela mão da D. Meninha a confecção de doçaria tradicional acrescida de algumas de sua autoria contribuiram para a construção da identidade do Mário Luso e que perdura até hoje.
Os atoalhados de linho e a decoração cuidada da sala são ponto de realce e prova do bom gosto que prevalece. Tudo sob a batuta da D. Meninha que com a sua simpatia e profissionalismo ensinou a toda a equipa a arte de bem receber.
“…O Mário Luso passou a ser o seu mundo, o seu espaço de dedicação, a sala de visitas da sua casa, onde recebe amigos, familiares e clientes com a mesma simplicidade, o mesmo trato, o mesmo sorriso de sempre, até hoje…”
Um negócio de gerações
"…Não só com
ela aprenderam
como lhe seguem
as pisadas…"
Quem sai aos seus não degenera. A terceira geração, na pessoa do Mário José, neto do fundador, trouxe a inovação à carta aprimorando os sabores e os saberes de sua mãe. O restaurante foi sendo frequentado por clientes cada vez mais exigentes, que foram voltando e trazendo as novas gerações, revivendo os prazeres da gastronomia intemporal. Em 2002, a neta Arménia Maria aliou-se ao negócio e assume atualmente a sua gestão.
O restaurante Mário Luso é hoje em dia uma referência na restauração tradicional atravessando várias geografias, grupos etários e diferentes sensibilidades, fazendo jus à simplicidade com recato, conforme desejo dos seus fundadores e preocupação dos seus seguidores.
Desde a mão da menina Maria ao tempero do Chef Joaquim e da sua equipa, os ensinamentos trespassaram todos os dedicados colaboradores que se entregaram e se entregam ao bom serviço de todos os que aqui procuram encontrar um pedacinho do passado à boa mesa portuguesa.
Testemunho de José Silva
Quando o local passou para a posse do sr. Mário, já ocupava as instalações do bar do antigo quartel dos bombeiros locais, um café explorado então também pelos seus cunhados. Mas o sr. Mário deu-lhe utilização mais completa e ali criou um restaurante que tinha a vantagem de estar mesmo em frente ao local onde todas as quartas-feiras se realizava a feira semanal. E assim começou a ser conhecido pela boa comida regional que praticava.
LER MAIS
Mais tarde, em 1969, o genro do sr. Mário, de nome Melo, desenvolveu, juntamente com a mulher e o sogro, duas áreas muito importantes para o futuro do Mário Luso: a carta de vinhos e a doçaria. E foi assim que a filha única do sr. Mário, D. Arménia, carinhosamente conhecida por Méninha do Luso, deu continuidade ao seu negócio. Continuou a receber os clientes com simpatia prazenteira, como se fosse em sua casa, acrescentando ao restaurante elementos de conforto e decoração que ainda hoje são identificativos do bom gosto e do profissionalismo que aprendera com seu pai. Melhorou a decoração, as mesas ganharam toalhas de bom algodão rendado com o monograma da casa, as flores passaram a estar por todo o lado, a simpatia e competência de quem ali trabalha é uma constante e a carta de sobremesas passou a ser um verdadeiro monumento ao bom gosto e à tradição, todas confeccionadas na casa, diáriamente….e já tantas e tantas vezes premiadas. O Mário Luso passou a ser o seu mundo, o seu espaço de dedicação, a sala de visitas da sua casa, onde recebe amigos, familiares e clientes com a mesma simplicidade, o mesmo trato, o mesmo sorriso de sempre, até hoje. As sobremesas continuam a ser um cartão de visita desta casa de bem comer que agora comemora os seus ainda tenros setenta anos de história. Para nosso imenso prazer! Eu, que ali comecei a ir com o meu avô paterno comer as mílharas de pescada e os filetes de polme fofinho, lá me continuo de vez em quando a sentar à mesa deste Mário Luso, a olhar em redor a decoração que tão bem conheço e a recuar umas dezenas de anos, à minha infância, àqueles aromas que pairam no ar, a relembrar o paladar da comida feita com carinho… Saio dali sempre a pensar quando vou voltar. José Silva 28/10/2012
À sobremesa eram as claras com ovos moles que faziam as delícias dos mais lambareiros. A organização de casamentos, comunhões e baptizados lá em cima no Monte Murado ou em instalações próprias junto ao Monte de S. Bartolomeu, ajudaram a divulgar o nome da casa e a excelência da comida. A cozinha era uma tradição familiar que no Mário Luso foi assegurada desde o início e até 1991 pela irmã do sr. Mário, a Maria do Luso.
E que, em boa hora, adquiriu como seguidores atentos os seus filhos – Mário e Arménia – que não só com ela aprenderam, como lhe seguem as pisadas com o mesmo bom gosto, atendimento e muita simpatia.
Ali ainda se continuam a comer os filetes de pescada e a cabeça da dita cozida, o bacalhau à Gomes de Sá e as tripas à quartas-feiras, mas também alguns outros pratos que foram desenvolvendo e a que a vasta clientela já se habituou: filetes de peixe galo com açorda do mesmo e coentros, arroz de tamboril com gambas de Moçambique, lombinhos de bacalhau com broa de Avintes, secretos de porco preto com arroz de tomate e coentros, carne de vitela Mirandesa, cabrito assado no forno e alguns mais.
Bem hajam.